sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Maurice Béjart

Fundador da companhia Béjart Ballet Lausanne

Morreu o coreógrafo francês Maurice Béjart 22.11.2007 - 11h52 AFP, Lusa

O coreógrafo francês Maurice Béjart, um dos fundadores da dança contemporânea, morreu aos 80 anos, anunciou hoje a Béjart Ballet Lausanne (BBL), dirigida por Maurice há vinte anos, como escreveu a agência AFP.
“Emitiremos um comunicado oficial às 14h00 (13h00 de Lisboa)”, informou à AFP o administrador adjunto da BBL, Eric Trol, sem acrescentar pormenores sobre a ocorrência.
“Maurice Béjart morreu esta noite às 0h25 (23h25 de Lisboa) no Centro Hospitalar de Lausanne”, na Suiça, precisou o escritor François Weyergans, prémio Goncourt 2005 e amigo próximo do coreógrafo.
A câmara de Lausanne avançou no final da passada semana que o coreógrafo se encontrava hospitalizado pela segunda vez no espaço de um mês, para ser submetido a um tratamento cardíaco e renal que duraria várias semanas.
O criador seguia atenta e diariamente as actividades da sua companhia, mesmo na cama do hospital, em particular a “Volta ao Mundo em 80 minutos”, a sua última produção que deverá ser apresentada a 20 de Dezembro em Lausanne.
Maurice sempre tentou aproximar o grande público da arte que é a dança. Apesar de se ter formado em Filosofia, a conselho médico, dedicou-se à dança.
Em Londres e depois em Paris fez a sua formação clássica e assinou a sua primeira coreografia em 1952, para o filme sueco "Pássaro de fogo", de que foi um dos principais intérpretes. Inconformado com o que descrevia como uma arte - a do bailado - "separada das massas", Maurice Béjart inova com "Symphonie pour un homme seul" (1955), sobre a música de vanguarda de Pierre Henry e Pierre Schaeffer.
A dança, com ele, torna-se física, sensual, o que desagrada aos círculos tradicionais. Béjart não aceita a rejeição e parte para Bruxelas, onde o seu bailado "Sagração da Primavera" tem um acolhimento triunfal no Théâtre royal de la Monnaie (TRM).
Um ano mais tarde, funda os "Ballets du XXème siècle", grupo à frente do qual soma êxito após êxito, não apenas na capital belga mas no estrangeiro. Das coreografias que ao longo dos anos assinou tiveram especial repercussão "Boléro" (1960), a "IXème symphonie", de Beethoven (1964), "Roméo et Juliette" (1966), "Messe pour le temps présent" (1967) e "Malraux" (1986).
Na sequência de um "braço de ferro" com o director do TRM, Gérard Mortier, Maurice Béjart prosseguiu a sua aventura coreográfica na Suíça em 1987 com a sua companhia, rebaptizada Béjart Ballet Lausanne, e em seguida com o Rudra Béjart Ballet (1992).
Abriu igualmente escolas em Dacar e em Bruxelas. As suas criações nos últimos anos ganharam em ambição, e em dimensão, como nos casos de "Ring um den Ring" (1990), sobre música de Wagner, e "MutationX" (1998). De mais recente data são "Mère Teresa et les enfants du monde" (2002), "Ciao Federico" (Fellini, en 2003), e "Zarathoustra" (2006).
Em 2004 a companhia de Béjart actuou em Portugal.
Maurice Béjart foi distinguido com a Ordem do Sol Nascente (1986) pelo imperador japonês Hirohito, nomeado Grande Oficial da Coroa (1988) pelo rei belga Balduíno, e eleito em 1994 membro da Academia (francesa) das Belas Artes.
Maurice nasceu em 1927 em Marselha. Porém, mais tarde, numa homenagem a Moliére, adoptou o apelido da sua mulher, Armande Béjart.

in, PUBLICO.PT

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